segunda-feira, 7 de outubro de 2013

VEJA COMO EXPLICAR ÀS CRIANÇAS DEZ QUESTÕES COMPLICADAS, COMO PEDOFILIA, MORTE E DROGAS



Nem sempre a pergunta da criança é cabeluda, mas deixa os pais confusos sobre o que responder. Há temas complicados de abordar e até as escolas, muitas vezes, se equivocam ao tentar esclarecer dúvidas. Papos difíceis devem começar em casa. Às vezes, de acordo com a curiosidade da criança. Algumas situações exigem prevenção. Outras vezes é melhor esperar que a criança pergunte. “Época certa não há. As muito pequenas dificilmente entenderão determinados assuntos. Se surgir a curiosidade, explique de acordo com o entendimento dela –que varia conforme a idade”, diz a psicóloga e psicopedagoga Ana Cássia Maturano.
O mais importante é não fazer um discurso moralista, longo ou que desperte o preconceito nas crianças. Pais podem não perceber o quanto prejudicam os filhos ao transmitir julgamentos preconceituosos. E as respostas não devem ultrapassar o que as crianças querem saber. “A conversa deve ser clara, verdadeira e adaptada ao vocabulário infantil. E se os pais forem pegos de surpresa ou não souberem a resposta, podem dizer. Afinal, os adultos estão em constante aprendizado, também”, diz a psicóloga infantil Daniella Freixo de Faria.
Fazer rodeios, protelar ou ficar inseguro só prejudica. “Isso deixa o filho ainda mais curioso e sem informações úteis para que se desenvolvam satisfatoriamente", de acordo com a psicóloga clínica Patrícia Spada, pesquisadora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

PEDOFILIA

Em conversas familiares, fale para as crianças não conversarem com estranhos e não deixarem que as toquem. “Embora a maioria dos aliciadores sejam conhecidos, devemos dizer para os filhos que eles podem contar tudo para os pais, sempre, mesmo que alguém diga o contrário”, afirma a psicóloga Ana Cássia Maturano. Para adolescentes, a conversa pode ser mais aberta e a internet mais vigiada. “Nesse caso, não espere o assunto surgir. Eles já saem sozinhos e nem todos que conhecem são conhecidos pelos pais. Mas a conversa deve ser tranquila e orientadora”, diz a psicóloga. “Uma criança que já falou com os pais sobre o assunto consegue identificar pedófilos e tem mais chances de se defender do que aquela que nunca teve espaço para o tema”, diz a psicóloga Patrícia Spada. A lição mais importante é: crianças que têm segurança de que podem contar tudo aos pais, sem temer uma represália, estarão muito mais seguras.

VIOLÊNCIA E ROUBO
Apesar de ser um assunto desagradável, é importante que a criança sabia que a violência existe. Para entrar no assunto, use as notícias que passam na televisão, mas, claro, não escolha as muito pesadas e não aterrorize a criança, como se ela fosse a próxima vítima. Use exemplos do noticiário para ensinar a criança a evitar que aquelas situações aconteçam, como não conversar com estranhos, não aceitar caronas em hipótese alguma, não fornecer dados pessoais e não reagir a um assalto. "Vivemos em uma época de extrema violência e é necessário estar a par da realidade para se proteger, na medida do possível”, diz a psicóloga Patrícia Spada.

DROGAS

O assunto está em todos os lugares: na TV, nas revistas, em rodas de amigos. Aproveite a curiosidade e as notícias para tocar no assunto e mostrar os malefícios do consumo de drogas. “Sem usar de um tom moral e repressor. Assim, quando a droga chegar mais perto dos seus filhos, eles terão a segurança de contar aos pais”, diz a psicóloga Ana Cássia Maturano. Muitas vezes, é preciso adaptar a linguagem. “Crianças adoram colocar objetos na boca. Neste momento, explique que há objetos e substâncias que não se deve experimentar, pois fazem muito mal. Cite exemplos concretos da rotina deles, como remédios, produtos de limpeza, comprimidos que parecem balinhas, bebidas alcoólicas”, diz a psicóloga Patrícia Spada.

SEXO

Responda apenas o que as crianças querem saber para matar a curiosidade sobre sexo, sem dar detalhes que não foram perguntados. E não inicie o assunto, para não correr o risco de erotizar a criança prematuramente. “Alguns, na intenção de dar uma explicação corretíssima, exageram na quantidade de informações. Há livros bem interessantes para as crianças. Mas nada de se antecipar. Elas devem dar o primeiro passo”, diz a psicóloga Ana Cássia Maturano. Ao usar o artifício dos livros, leia antes de dar às crianças. Nem tudo é adequado. Discursos moralistas também devem ser evitados. Sexo não é algo errado ou sujo. “De qualquer modo, é importante que os pais estejam disponíveis para discutir em casa. Um ambiente acolhedor gera autoconfiança e é um fator importante na prevenção de problemas", explica Patrícia Spada, psicóloga.

DEFICIÊNCIA FÍSICA
Para explicar que existem adultos e crianças com deficiências físicas ou mentais, o ideal é esperar a criança perguntar. Quando o assunto surgir, diga que é uma condição física ou psíquica da pessoa, mas que isso não a faz diferente das outras. Ensine, também, que essas pessoas, muitas vezes, precisam de colaboração, como ter a preferência em uma fila, por exemplo. "Nas conversas, é preciso ter consciência de suas crenças a respeito de tudo, pois são elas que serão transmitidas. Cuide dos seus pensamentos, pois, na hora de conversar, será do ponto de vista do adulto que a criança receberá as primeiras informações sobre temas tão importantes”, segundo Daniella Freixo de Faria, psicóloga.

SÍNDROME DE MUNCHAUSEN POR PROCURAÇÃO (OU POR TRANSFERÊNCIA) - MAIS UMA FORMA DE ABUSO CONTRA CRIANÇAS

Os pais com síndrome de Munchausen por procuração fingem que
seus filhos estão doentes
No fim da década de 1970, um pediatra britânico, chamado Roy Meadow, publicou a descrição de dois casos médicos desconcertantes. Em um caso, uma garota de 6 anos, chamada Kay, foi internada no hospital 12 vezes por uma infecção no trato urinário (em inglês) e medicada com oito antibióticosdiferentes, tudo isso sem sucesso. No outro caso, um garoto de 1 ano e 2 meses, chamado Charles, foi hospitalizado muitas vezes com sonolência e vômitos que não tinham uma causa médica aparente. Meadow acabou descobrindo que os dois casos, apesar de parecerem diferentes, tinham muito em comum. A mãe de Kay alterou as amostras de urina para parecer que a criança estava doente. A mãe de Charles induziu a doença dando grandes quantidades de sal ao garoto, que acabou morrendo.

Meadow chamou essa doença, em que os responsáveis intencionalmente falsificam informações ou causam danos a seus próprios filhos para conseguir compaixão, de síndrome de Munchausen por procuração. Por procuração significa "por meio de um substituto". O responsável, e não a pessoa doente, é quem está fingindo ou causando a doença.

A síndrome de Munchausen por procuração também foi chamada de síndrome de Polle, por causa do filho do Barão von Munchausen, chamado Polle, que segundo relatos morreu sob circunstâncias misteriosas próximo da época em que faria um ano. Alguns especialistas, no entanto, dizem que as informações históricas estão incorretas e o termo não é mais usado.

Essa doença é muito rara - existem apenas cerca de mil casos por ano, de acordo com as melhores estimativas. O cenário mais comum é uma mãe fingindo que seu filho está doente ou deixando a criança doente porque ela deseja a compaixão que recebe como resultado disso. A mãe pode mudar os resultados de exames, por exemplo, colocando uma substância estranha em um exame de urina, injetar substâncias químicas na criança, negar comida, sufocar a criança ou dar remédios para causar-lhe vômitos. Em seguida, a mãe insiste que a criança seja submetida a vários exames e procedimentos para tratar o suposto problema. Como a vítima é uma criança, a síndrome de Munchausen por procuração é considerada uma forma de abuso infantil.

Uma pessoa que sofre de síndrome de Munchausen por procuração pode estar em busca de atenção porque sofreu abusos ou perdeu um dos pais quando era criança, por estar passando por problemas sérios no casamento ou uma outra grande crise de estresse. Ser visto como uma mãe ou um pai atencioso pela equipe do hospital é uma maneira de receber o reconhecimento que ela ou ele pode não ter recebido de outra maneira.

Sinais da síndrome de Munchausen por procuração

Os sinais da síndrome de Munchausen por procuração incluem:
Criança que é freqüentemente hospitalizada com sintomas incomuns e inexplicáveis que parecem desaparecer quando o responsável não está presente;

Sintomas que não condizem com os resultados dos exames da criança;

Sintomas que pioram em casa, mas melhoram quando a criança está sob cuidados médicos;

Remédios ou substâncias químicas no sangue ou na urina da criança;

Irmãos da criança que morreram sob circunstâncias estranhas;

Responsável que é preocupado demais com a criança e excessivamente disposto a obedecer os profissionais da saúde;

Responsável que é enfermeiro ou trabalha na área de saúde.

Pegos pela câmera

Na década de 1990, o Dr David Southall, da Inglaterra (em inglês), realizou uma experiência usando câmeras de vigilância escondidas em quartos de um hospital para flagrar as pessoas suspeitas de sofrerem de síndrome de Munchausen por procuração. Suascâmeras de vídeo (em inglês) capturaram imagens horríveis de mães sufocando e envenenando suas crianças. Dos 39 suspeitos que ele gravou, 34 foram flagrados machucando seus filhos e os outros cinco admitiram, depois, terem matado as crianças.

Embora Southall tenha sido considerado o defensor das crianças em alguns círculos, ele foi difamado como inimigo das mães em outros. Muitos pais foram enviados para a prisão e alguns afirmam terem sido acusados injustamente, com base nas evidências que ele forneceu. Em 2004, Southall foi considerado culpado por um grave delito profissional depois de ter feito uma acusação falsa de que um homem havia matado seus filhos, e foi temporariamente impedido de trabalhar com vítimas de abuso infantil.

CONSELHO REGISTROU 147 CASOS DE ABUSOS SEXUAIS


Em Ponta Grossa foram registrados junto aos Conselhos Tutelares, 147 casos de violência sexual com crianças e adolescentes
Em Ponta Grossa foram registrados junto aos Conselhos Tutelares, 147 casos de violência sexual com crianças e adolescentes, os dados somam os casos dos conselhos leste e oeste. No ano passado o oeste atendeu 129 casos e o leste 95.
A presidente do Conselho Tutelar Leste, Camila De Bortoli, comenta que 80% dos casos são causados por pessoas próximas. “A maioria das crianças são abusados por pessoas próximas, que muitas vezes vivem dentro do lar, pelo convívio e a facilidade que os abusadores encontram”, explica Camila. Quando isso acontece, a criança é afastada do agressor, e passa a ser a acompanhado pelo Serviço de Enfrentamento à Violência ao Abuso e a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes (Sentinela). Quando o agressor é próximo, as conselheiras contam que os casos muitas vezes são identificados na escola. “Quando isso acontece, a escola identifica e encaminha para o conselho”, comenta Camila. Carolina Zelinski, também é conselheira e comenta que os casos que aconteceram no início da semana, onde duas crianças foram abusadas, uma quando um homem abordou uma menina de dez anos, quando ela voltava da escola na terça-feira. Na segunda, outro caso foi registrado, onde um adolescente de 13 anos abusou de uma criança de sete anos. “Isso que aconteceu no início da semana foram casos esporádicos, porque geralmente não é isso que acontece”, comenta Carolina. Segunda Camila, a maioria dos casos acontece com famílias mais humildes e a região que tem mais casos registrados é na Nova Rússia e Boa Vista.
Camila aponta uma dificuldade que ela percebe que as pessoas enfrentam quando se deparam com casos assim na família é a falta de informação. “Muitas vezes as pessoas não sabem quem elas devem procurar, não sabem a aonde ir, não conhecem o disque 100 e tudo isso dificulta”, relata. Ela diz que faltam projetos e ações voltadas para isso e para prevenção desses casos. “Isso existe no papel, mas não é colocado em prática, isso não é falado na escola, que é um local importante”, relata Camila. Outro fato apontado pelas conselheiras é o de não existir um atendimento especializado para essas crianças. “A criança precisa contar a história para a família, chega à polícia tem que repetir a mesma história, no hospital também e depois para a psicóloga, então no mínimo, ela irá repetir umas três vezes, e em todas elas terá seu direito violado”, relata Carolina. Carolina recorda que em 2010, foi criado um Centro de Referência para Pessoas Vítimas de Estupro e Agressão Sexual, mas segundo ela, não durou muito tempo. “Foi uma medida boa, mas que não durou muito tempo, a ideia era que todo atendimento fosse feito no mesmo lugar, mas já acabou, acho que não esperavam que a demanda fosse tão grande”, explica Carolina.
Quando os conselheiros identificam os casos, a criança é encaminhada para o hospital, os menores de 12 anos vão para o Hospital da Criança e os adolescentes vão para o Pronto Socorro. Camila aponta outra dificuldade em relação a isso. “Já tivemos casos de médicos que se recusaram a fazer atendimento, justificando que o deveria ser procurando um médico legista, mas aqui em Ponta Grossa, não temos um que faça plantão, então temos que fazer um boletim de ocorrência de recusa de atendimento”, comenta.